segunda-feira, 19 de abril de 2010

ZULEIKA ANGEL JONES - "Zuzu Angel"

14 de abril
1976, morreu Zuzu Angel

Zuleika Angel Jones foi uma estilista de sucesso no exterior e vestiu estrelas como Liza Minelli, Joan Crawford e Kim Novak. Suas criações, na moda eram tipicamente brasileiras e tinham a marca da liberdade. O símbolo de sua confecção era um anjo.
Zuzu Angel inspirou, em 2006, um filme de Sérgio Rezende, com Patrícia Pillar no papel principal. O filme conta a história da luta de Zuzu, contra a ditadura militar brasileira, em busca de seu filho, Stuart, preso em maio de 1971 e morto pela repressão.
Chico Buarque compôs para ela a canção “Angélica”.  Ela tinha 55 anos de idade quando, em 14 de abril de 1976, sofreu um acidente fatal na Estrada da Gávea, na saída do túnel Dois Irmãos.
Hoje se acredita que o “acidente” foi forjado e que ela foi assassinada. Uma semana antes de sua morte Zuzu deixara, na casa de Chico Buarque, um documento que deveria ser publicado “caso algo lhe acontecesse”.
Nascida em Curvelo, MG, em 5 de junho de 1921 filha de Pedro e Francisca Gomes Netto, Zuzu mudou-se ainda criança para Belo Horizonte,. Em Minas Gerais fazia roupas para primas, quando começou a trabalhar profissionalmente como costureira nos meados dos anos 50.
Em 1947, foi para o Rio de Janeiro onde morou até o fim de sua vida. Nos anos 70, abriu sua loja em Ipanema e fez desfiles com bastante sucesso no exterior, para onde levou a linguagem brasileira..
Seu filho Stuart Angel Jones, militante político, foi preso, em 14 de maio de 1971, pelos agentes do CISA. Tido como desaparecido, na verdade foi torturado e assassinado. Segundo o depoimento de Alex Polari, encaminhado a Zuzu, Stuart foi arrastado por um jipe pelo pátio interno da Base Aérea do Galeão, com a boca no cano de descarga do veículo. Ele também ouviu os gritos de Stuart – numa cela ao lado – pedindo água, dizendo que ia morrer e, pouco depois, seu corpo foi retirado da cela.
Zuzu Angel passou a denunciar de  as torturas realizadas pela ditadura militar, inclusive para a imprensa estrangeira. Zuzu chegou a entregar uma carta a Henry Kissinger, na época Secretário de Estado do Governo norte-americano, pedindo apoio, visto que seu filho também tinha a cidadania americana. Depois da morte de Stuart, Zuzu passou a trabalhar como o que própria definia como “a primeira coleção de moda política da história”; estampas mostravam canhões disparando contra anjos.
Nunca encontrou o corpo de Stuart, cuja morte não foi admitida pela repressão militar.
Zuzu morreu em um acidente de automóvel muito estranho. Testemunhas afirmam que havia um jipe do Exército, logo após o acidente, na saída do túnel Dois Irmãos. Ela própria anunciou as ameaças que vinha recebendo: "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho".
Sua filha, Hidelgar Angel, jornalista, fundou uma ONG que divulga e forma estilistas de moda, inspirada em Zuzu.
Existe um site na Internet que contesta a versão de assassinato, diz que não há provas, que a versão não se sustenta. Mas quem viveu a ditadura militar brasileira sabe que acidentes de automóveis eram sempre muito convenientes para sumir com as pessoas “indesejadas” pelo regime.
O filme “Zuzu Angel” -- dirigido por Sérgio Rezende e com Patrícia Pillar como Zuzu -- trouxe, novamente, para as discussões cotidianas o caso da morte não esclarecida desta brasileira de sucesso e de coragem. Por causa das polêmicas geradas pelo filme, escrevi um artigo para o site www.votebrasil.com  , que reproduzo aqui, abaixo.
Visite e saiba mais: http://lucidreira.blogspot.com/
 

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