14  de abril
1976,  morreu Zuzu Angel
Zuleika  Angel Jones  foi uma estilista de sucesso no exterior e vestiu estrelas  como Liza   Minelli, Joan Crawford e Kim Novak. Suas criações, na moda eram   tipicamente  brasileiras e tinham a marca da liberdade. O símbolo de sua  confecção  era um  anjo.Zuzu    Angel inspirou, em 2006, um filme de Sérgio Rezende, com Patrícia Pillar   no  papel principal. O filme conta a história da luta de Zuzu, contra a   ditadura  militar brasileira, em busca de seu filho, Stuart, preso em  maio de 1971  e morto  pela repressão. 
Chico  Buarque compôs para ela a canção  “Angélica”.  Ela tinha 55 anos de idade  quando,  em 14 de abril de  1976, sofreu um acidente fatal na Estrada da Gávea, na  saída  do túnel  Dois Irmãos. Hoje  se   acredita que o “acidente” foi forjado e que ela foi assassinada. Uma   semana  antes de sua morte Zuzu deixara, na casa de Chico Buarque, um  documento  que  deveria ser publicado “caso algo lhe acontecesse”.
Nascida  em Curvelo, MG, em 5 de junho de 1921 filha de Pedro e  Francisca Gomes  Netto,  Zuzu mudou-se ainda criança para Belo  Horizonte,. Em Minas Gerais fazia  roupas  para primas, quando começou a  trabalhar profissionalmente como  costureira nos  meados dos anos 50. Em   1947, foi para o Rio de Janeiro onde morou  até o fim de sua vida. Nos  anos 70,  abriu sua loja em Ipanema e fez  desfiles com bastante sucesso no  exterior, para  onde levou a linguagem  brasileira.. 
Seu  filho Stuart Angel Jones, militante político, foi preso, em  14 de maio  de 1971,  pelos agentes do CISA. Tido como desaparecido, na  verdade foi torturado e   assassinado. Segundo o depoimento de Alex  Polari, encaminhado a Zuzu,  Stuart foi  arrastado por um jipe pelo  pátio interno da Base Aérea do Galeão, com a  boca no  cano de descarga  do veículo. Ele também ouviu os gritos de Stuart – numa  cela ao  lado –  pedindo água, dizendo que ia morrer e, pouco depois, seu corpo  foi   retirado da cela. 
Zuzu  Angel passou a  denunciar de  as torturas realizadas pela ditadura  militar,  inclusive  para a imprensa estrangeira. Zuzu chegou a entregar uma carta a  Henry   Kissinger, na época Secretário de Estado do Governo norte-americano,   pedindo  apoio, visto que seu filho também tinha a cidadania americana.  Depois da  morte  de Stuart, Zuzu passou a trabalhar como o que própria  definia como “a  primeira  coleção de moda política da história”;  estampas mostravam canhões  disparando  contra anjos.Nunca    encontrou o  corpo de  Stuart, cuja morte não foi  admitida pela repressão militar.
Zuzu  morreu em um acidente de  automóvel muito estranho. Testemunhas afirmam  que havia  um jipe do  Exército, logo após o acidente, na saída do túnel Dois  Irmãos. Ela   própria anunciou as ameaças que vinha recebendo: "Se eu aparecer morta,   por  acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado   filho".Sua    filha, Hidelgar Angel, jornalista, fundou uma ONG que divulga e forma   estilistas  de moda, inspirada em Zuzu.
Existe  um site na Internet que contesta a  versão de assassinato, diz que não há  provas,  que a versão não se  sustenta. Mas quem viveu a ditadura militar  brasileira sabe  que  acidentes de automóveis eram sempre muito convenientes para sumir  com  as  pessoas “indesejadas” pelo regime. O  filme  “Zuzu Angel” -- dirigido por Sérgio  Rezende e com Patrícia Pillar como  Zuzu -- trouxe, novamente, para as  discussões cotidianas o caso da morte   não esclarecida desta brasileira  de sucesso e de coragem. Por causa das  polêmicas geradas pelo filme,  escrevi um artigo para o site  www.votebrasil.com   ,  que reproduzo aqui, abaixo.
Visite e saiba mais: http://lucidreira.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário