Fim do fator previdenciário neste ano? Esqueçam...
Falta de consenso entre as centrais sindicais é o  maior empecilho a um acordo que permita votar no Congresso o redutor  das aposentadorias 
O recado para quem pensa em se aposentar neste ano é direto: “Aguarde  mais um pouco, ou se aposente do jeito que está aí”. O conselheiro é o  deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical,  que destaca a falta de unidade entre as centrais sindicais como  principal responsável para que a proposta que acaba com o fator  previdenciário (índice que funciona como redutor de aposentadorias) não  seja analisada em 2010. 
O projeto está pronto para ser votado no plenário da Câmara e “só”  depende de vontade política. De um lado, estão as centrais que admitem a  existência do redutor de aposentadorias de uma forma mais moderada do  que a atual. Do outro, centrais que simplesmente pregam o fim da  “mordida” nas aposentadorias.     
Para Paulinho da Força, o fim completo do fator previdenciário “é  mais para fazer discurso”. “Não temos força para isso”, admite. Contudo,  ele lembra que a proposta que defendida pelo governo “precisa de  ajustes”. 
Do outro lado, o diretor de comunicação da Nova Central, Sebastião  Soares, é enfático: “Não negociamos fator previdenciário. Ele tem de ser  extinto. Não há outra alternativa”. Soares destaca que o órgão apoia o  governo Lula, contudo a decisão de rejeitar o fator por completo foi  aprovada em congresso da entidade. “Nosso primeiro compromisso é com  nossa representação.” 
Além das centrais, entidades em defesa do aposentado também estão na  discussão. O diretor financeiro da Confederação Brasileira de  Aposentados e Pensionistas (Cobap), Nelson Osório, classifica o fator  previdenciário como uma “excrescência jurídica” e aproveita para dar uma  bronca nas centrais. Segundo ele, sua entidade, formada por pessoas que  já foram prejudicadas pelo fator, é que está “levando para frente” a  proposta no Congresso. “Não acredito que seja votado em 2010”, conclui.
Criado em 1999 para conter os gastos da Previdência no governo  Fernando Henrique Cardoso, o fator previdenciário é inversamente  proporcional à idade de aposentadoria do segurado. Ou seja, quanto menor  a idade no momento da aposentadoria, maior é o redutor e,  consequentemente, menor o valor do benefício recebido. Dessa forma, quem  se aposenta sob a influência do fator não recebe o mesmo valor com que  contribuiu para a seguridade social.  
  
Maio ou novembro?
Autor do projeto, o senador Paulo Paim (PT-RS) é otimista ao prever  que a matéria será analisada em maio no plenário da Câmara, logo após  outra de interesse dos dependentes da Previdência, a Medida Provisória  457/09 (que reajusta as aposentadorias acima de um salário mínimo). A  votação da MP deve ocorrer no próximo dia 27 de abril. Contudo, ainda  não há acordo sobre o reajuste. 
“O fator é um tema que está em todo o país. Mais de dez pessoas me perguntaram no avião sobre o fim do fator”, afirmou o senador gaúcho. Para o petista, o ano eleitoral “até ajuda” na análise da matéria. “A pressão popular é mais forte.”
“O fator é um tema que está em todo o país. Mais de dez pessoas me perguntaram no avião sobre o fim do fator”, afirmou o senador gaúcho. Para o petista, o ano eleitoral “até ajuda” na análise da matéria. “A pressão popular é mais forte.”
O líder do PDT na Câmara, Dagoberto (MS), tem um prazo diferente para  a análise da proposta: depois das eleições de outubro. Ele destaca que,  no momento, os esforços estão concentrados para aprovar o reajuste das  aposentadorias acima de um salário mínimo, e aproveita para criticar  aqueles que propõem reajustes acima dos 7,71%. “Eles não estão nem aí  para os aposentados”, dispara o líder, ressaltando que o índice é o  possível neste momento.  
Relatores 
Relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),  Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) não esconde que o projeto que acaba com o  fator está sendo “escanteado” pelo governo. 
“Só vai [á votação] se for na pressão.” O parecer do petista,  aprovado na CCJ em novembro passado, se resume a afirmar que o fim do  fator é constitucional. Dessa forma, existe a possibilidade de o  relatório de Arnaldo ser derrotado em plenário e um substitutivo (texto  alternativo) ser analisado pelos deputados.
Esse texto alternativo já foi produzido pelo deputado Pepe Vargas  (PT-RS), relator do projeto na Comissão de Finanças e Tributação. O  deputado gaúcho avalia que a única forma de a proposta ir a plenário  antes das eleições de outubro é uma unidade das centrais sindicais em  torno de seu relatório. 
Pepe destaca que sua proposta é o “avanço possível” neste momento. “É  preciso negociar com o governo. Se não, a matéria é aprovada no  plenário e o presidente veta”, explicou.  
No relatório, Pepe propõe tempo mínimo de idade, somado ao tempo de  contribuição, para que homens e mulheres se livrem do redutor de  aposentadorias. Pela proposta, elas terão de contribuir 30 anos e ter,  no mínimo, 55 anos de idade para não pagar o fator. Já eles, para se  livrarem do fator, devem contribuir por 35 anos e ter, no mínimo, 60  anos de idade.
Ou seja, somente quando a soma do tempo de contribuição previdenciária com a idade chegar a 85 (para as mulheres) e 95 (para os homens), o fator previdenciário deixará de existir. Segundo o governo, apenas o fator previdenciário foi responsável pela injeção de mais de R$ 1 bilhão na Previdência no ano passado.
Ou seja, somente quando a soma do tempo de contribuição previdenciária com a idade chegar a 85 (para as mulheres) e 95 (para os homens), o fator previdenciário deixará de existir. Segundo o governo, apenas o fator previdenciário foi responsável pela injeção de mais de R$ 1 bilhão na Previdência no ano passado.
Saiba mais: http://congressoemfoco.com.br/ 

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