quinta-feira, 1 de abril de 2010

A "Paixão" de Plínio Pacheco


Plinio Pacheco - idealizador e construtor de nova jerusalem 


Plínio Pacheco e seu sonho de pedra


Gaúcho de Santa Maria, Plínio Pacheco tinha formação em comunicação pela Força Aérea Brasileira (FAB), mas gostava de dizer que era jornalista autodidata. Chegou à Fazenda Nova em 1956, a convite do então diretor e ator Luis Mendonça, que na época, interpretava o papel de Jesus no espetáculo da Paixão de Cristo. A peça era representada nas ruas da pequena vila, distrito do município de Brejo da Madre de Deus, com a participação de camponeses, de pequenos comerciantes locais e também de alguns atores e técnicos que atuavam nos teatros de Recife.
Plínio conheceu Diva Mendonça, filha mais nova de Epaminondas Mendonça, criador do espetáculo nas ruas da vila. Plínio e Diva casaram-se, e com o tempo, foram se envolvendo cada vez mais com a produção e coordenação da encenação da Paixão de Cristo.
Em 1962, Plínio Pacheco teve uma idéia. Na verdade, um grande sonho, um sonho de pedra. Plínio vislumbrou a construção de uma réplica de Jerusalém em pleno coração do agreste pernambucano. O lugar, assim como a antiga Judéia, possuía muitas rochas, vegetação rasteira, clima semi-árido e o espaço de terra escolhido para se levantar a cidade-teatro era emoldurado por montanhas.
Em 1963, os cenários começaram a ser erguidos num espaço de 100 mil metros quadrados, equivalente a 1/3 da área murada da Jerusalém da época de Jesus. Plínio Pacheco não só idealizou e construiu a obra em pedra e concreto, mas, também, uma obra literária.
Em 1967, escreveu o texto da peça teatral "Jesus" que seria encenado pela primeira vez em 1968 em Nova Jerusalém já com seus palácios e muralhas iniciados. 41 anos depois, a cidade-teatro, que a cada ano ganha novas intervenções para melhorar as condições de encenação do espetáculo e o conforto do público, já recebeu mais de 2,5 milhões de pessoas, vindas dos quatro cantos da terra para assistir ao mega-espetáculo da Paixão de Cristo.
"A vida colocou-me diante da pedra e da figura de granito que é o homem nordestino. Aquele era meu povo, cantando num cenário de sol. Criar a cidade-teatro. Uma cidade de sete portas e setenta torres. Unir fragmentos dispersos da personalidade humana, transformar homens mutilados em seres humanos completos. A força maior levando aos quadrantes da terra a notícia desta epopéia em granito. A construção da Nova Jerusalém. ...Erguida com 80% de recursos próprios, é uma sociedade privada, sem fins lucrativos. É claro que reconheço e todos sabem que tenho como princípio, que ninguém constrói nada sozinho. Diante disto, tenho a obrigação moral de tornar pública a gratidão da Nova Jerusalém e da Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) a todos que aqui colocaram pedras, reais ou simbólicas. Mas, nós devemos ter a humildade e reconhecer que essas pedras, pertencem ao patrimônio cultural e artístico do País. Nova Jerusalém é patrimônio do povo. E cidadão nenhum tem o direito de reivindicar gratidão do seu País, porque é obrigação, particular e pública, de cada cidadão ampliar e multiplicar o patrimônio que recebeu dos seus antepassados."

Monumento Plínio Pacheco

monumento 
Para perpetuar, através de uma obra de arte, a grandeza do idealismo e a importância da obra de Plínio Pacheco no contexto sócio-cultural de Pernambuco e do País, a Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN), pelo seu presidente, Robinson Pacheco, ergueu, em 2003, dentro da Nova Jerusalém uma estátua do seu idealizador e construtor.
A escultura mede dois metros a partir de base, perfazendo um total de cinco metros de altura, e retrata a figura de Plínio Pacheco a cavalo, empunhando um megafone (vide foto). Idealizada pelo cenógrafo Octávio Catanho (Tibí), a peça foi executada pelo artista plástico José Caxiado e construída em concreto sob estrutura de ferro. Pesando aproximadamente três toneladas, a estátua é fixada em uma base giratória, que tem a função de movê-la em direção a cada cena durante os espetáculos e possui iluminação especial.
Homenagem mais que justa, a construção do monumento é ao mesmo tempo um grande reconhecimento à obra de Plínio Pacheco e ao seu nobre espírito de luta, persistência, coragem, sensibilidade e amor à arte.

Clique aqui: Paixão de Cristo/2010


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