Revirando a "Gaveta da Catrevage e Preciosidades" da internet, me deparei com muita coisa que não precisava mais estar alí ou que nunca deveria ter estado, mas encontrei também coisas carregadas de alegrias, outras com marcas de solidão e vivas lembranças.
Entre as preciosidades encontrei o Museu da Pessoa, que aqui exponho um dos seus registros, que está na parede da memória do nosso povo nordestino.
Aproveito para convidar a todos, para visitar http://www.museudapessoa.net/historias/
Segue abaixo, arquivo do Museu da Pessoa com Memória dos Brasileiro.
Primeira parada: Bahia | |||||||
Brasil, 03 dezembro de 2007 às 10:05:27 | |||||||
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Chegamos ao Rio São Francisco a partir de Juazeiro, terra de João Gilberto, de Ivete Sangalo e de Geraldo Magela, nosso guia, produtor e grande contador de histórias. Mas as histórias de Magela ficarão para o final, pois agora iremos ao encontro de Dona Antonia Fogo, na nova comunidade de Barra da Cruz.
Para chegar lá, é muito fácil. Cruze o rio pela ponte Presidente Dutra, passe por Petrolina e siga até o município baiano de Casa Nova, a oitenta quilômetros de distância. Na entrada da cidade, não deixe de parar no restaurante O Bode do Afonso, para experimentar as delícias da cozinha regional. Depois do cafezinho, pegue uma estrada de chão e ande mais116 quilômetros até Pau-a-Pique, sempre na faixa da direita. Daí em diante, pergunte sempre a cada encruzilhada, pois ainda faltam 13 mil longos metros até Barra da Cruz. Ao avistar o cruzeiro no alto do morro, pronto, você chegou. Aí é só perguntar onde mora dona Antonia Fogo, que todo mundo conhece.
Barra da Cruz é uma comunidade muito hospitaleira e nos recebeu muito bem. No dia em que chegamos, começava a Festa da Colheita de Cebola e uma alegria tomava conta do lugar. Fomos uma atração para as crianças, que nos seguiam o tempo todo, querendo tirar fotos. E foram mais de 80, de onde selecionamos essas.
Enquanto uma parte da equipe distraía as crianças, conseguimos o silêncio e o sossego necessário para ouvir dona Antonia.
No texto que se segue, leia um pouco da história da primeira entrevistada da nossa viagem.
A vida de Antonia Fogo é a narrativa viva das longas reticências deixadas pelo projeto Sobradinho nas populações ribeirinhas do Médio São Francisco. No ano de 1978, durante o governo militar, o lago de Sobradinho atingiu sua capacidade máxima submergindo uma larga extensão de terra agricultável, 26 povoados e quatro cidades históricas – Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Remanso.
Antonia Fogo é remanescente da cultura regional do rio São Francisco - conhecida como "beradera" ou "barranqueira"-, identificada pela forte relação de sobrevivência com o ciclo do rio. A construção da Barragem de Sobradinho e a possibilidade de terem suas casas e terras alagadas era uma idéia tão remota para as comunidades ribeirinhas que apenas a imagem de um dilúvio repentino e as grandes promessas de fartura e oportunidades nos assentamentos distantes fizeram com que deixassem suas terras rapidamente.
A área hoje alagada já foi ocupada por mais de 72 mil pessoas que tiveram seu modo de vida abalado. Muitos dos moradores não se adaptaram aos assentamentos localizados em Serra do Ramalho, município de Bom Jesus da Lapa, aproximadamente a700 km de onde viviam. Passados alguns anos, algumas famílias, insatisfeitas com o deslocamento e as mudanças em suas vidas, decidiram voltar para seus povoados de origem, sem pensar na transformação que a Barragem de Sobradinho havia provocado na paisagem que ainda residia na memória de cada um.
Movimentada pelo sentimento de "paxão", ou seja, de saudade e nostalgia, Antonia Fogo foi uma dessas pessoas que abandonaram seus lotes no assentamento e retornaram para o povoado de origem para voltar a dar sentidos às suas vidas.
Para chegar lá, é muito fácil. Cruze o rio pela ponte Presidente Dutra, passe por Petrolina e siga até o município baiano de Casa Nova, a oitenta quilômetros de distância. Na entrada da cidade, não deixe de parar no restaurante O Bode do Afonso, para experimentar as delícias da cozinha regional. Depois do cafezinho, pegue uma estrada de chão e ande mais
Barra da Cruz é uma comunidade muito hospitaleira e nos recebeu muito bem. No dia em que chegamos, começava a Festa da Colheita de Cebola e uma alegria tomava conta do lugar. Fomos uma atração para as crianças, que nos seguiam o tempo todo, querendo tirar fotos. E foram mais de 80, de onde selecionamos essas.
Enquanto uma parte da equipe distraía as crianças, conseguimos o silêncio e o sossego necessário para ouvir dona Antonia.
No texto que se segue, leia um pouco da história da primeira entrevistada da nossa viagem.
A vida de Antonia Fogo é a narrativa viva das longas reticências deixadas pelo projeto Sobradinho nas populações ribeirinhas do Médio São Francisco. No ano de 1978, durante o governo militar, o lago de Sobradinho atingiu sua capacidade máxima submergindo uma larga extensão de terra agricultável, 26 povoados e quatro cidades históricas – Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Remanso.
Antonia Fogo é remanescente da cultura regional do rio São Francisco - conhecida como "beradera" ou "barranqueira"-, identificada pela forte relação de sobrevivência com o ciclo do rio. A construção da Barragem de Sobradinho e a possibilidade de terem suas casas e terras alagadas era uma idéia tão remota para as comunidades ribeirinhas que apenas a imagem de um dilúvio repentino e as grandes promessas de fartura e oportunidades nos assentamentos distantes fizeram com que deixassem suas terras rapidamente.
A área hoje alagada já foi ocupada por mais de 72 mil pessoas que tiveram seu modo de vida abalado. Muitos dos moradores não se adaptaram aos assentamentos localizados em Serra do Ramalho, município de Bom Jesus da Lapa, aproximadamente a
Movimentada pelo sentimento de "paxão", ou seja, de saudade e nostalgia, Antonia Fogo foi uma dessas pessoas que abandonaram seus lotes no assentamento e retornaram para o povoado de origem para voltar a dar sentidos às suas vidas.
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