Fábio Góis
Um grupo de 30 estudantes de diversas instituições de ensino de Brasília invadiu nesta sexta-feira (26) o prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai) para protestar contra o Setor Noroeste, projeto urbanístico-habitacional lançado em fevereiro de 2007 pelo Governo do Distrito Federal. “Planejado para respeitar o meio ambiente”, como registra reportagem institucional do GDF (leia), o empreendimento é visto pelos manifestantes como nocivo ao meio ambiente e às comunidades indígenas que vivem no local.
Um grupo de 30 estudantes de diversas instituições de ensino de Brasília invadiu nesta sexta-feira (26) o prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai) para protestar contra o Setor Noroeste, projeto urbanístico-habitacional lançado em fevereiro de 2007 pelo Governo do Distrito Federal. “Planejado para respeitar o meio ambiente”, como registra reportagem institucional do GDF (leia), o empreendimento é visto pelos manifestantes como nocivo ao meio ambiente e às comunidades indígenas que vivem no local.
“O GDF está querendo, a todo custo e a toque de caixa, implementar este Setor Noroeste. Sem levar em conta o impacto ambiental, sem levar em conta que lá tem uma reserva indígena, que é a do Bananal, santuário dos pajés dos índios funil-o e tapuia, que vieram para o Distrito Federal em 1957”, disse o líder do Coletivo Independente de Manifestações e Ativismo (Cima), Rodrigo Grassi, conhecido como “Pilha”, ao Congresso em Foco.
Estudante de agronomia da Universidade de Brasília (UnB), Rodrigo diz que o Ministério Público Federal orientou, “o mais rápido possível”, a implementação de grupo de trabalho, por parte da Funai, para fazer um estudo sócio-antropológico e ambiental que delimitasse a área a ser demarcada para os índios. Em tese, a decisão implicaria paralisação de obras no local. Segundo o estudante, sete meses se passaram desde a decisão do MPF e nada foi feito pela fundação.
“Já teve índio que sumiu, o cacique Korubo desapareceu. Inclusive ele foi espancado há sete meses, e depois sumiu. A gente não sabe se ele sumiu ou se foi ‘sumido’”, alfinetou Rodrigo, para quem a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) “devasta com tratores o cerrado” mesmo sem observar a decisão do MPF, “indo com a polícia e ameaçando constantemente os indígenas que lá estão”.
“Diante de tanta demora da Funai, que deveria fazer o serviço dela, hoje fizemos uma manifestação que saiu da saiu da Praça do Galdino. Passamos pela [avenida] W3 e fomos até a entrada da Funai entregar um documento para que ela se comprometesse com a pronta implementação do grupo de trabalho”, disse Rodrigo, referindo-se à praça onde foi erguido um monumento em memória do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, queimado vivo em 1997 por jovens de classe média alta de Brasília.
Intervenção federal
Intervenção federal
O impasse na Funai só teve fim com a intervenção do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a quem Rodrigo recorreu para que fosse atendida a reivindicação dos estudantes. Antes, disse Rodrigo, a administração da Funai se negou a atendê-los, alegando que nem o presidente da instituição, Márcio Meira, nem o vice, Aloysio Guapindaia, estavam no local ou poderiam atendê-lo. “A Funai está acéfala?”, ironizou o estudante, ressaltando que, mesmo pacífica, a manifestação foi acompanhada pela Polícia Militar do DF.
“O Estado, representado na Funai, não quis nos atender, mas o Estado repressor estava lá, que é a polícia”, arrematou o estudante. “Na nossa análise, a Funai está muito mais para funerária do índio do que para Fundação Nacional do Índio.”
Quando era entrevistado pela reportagem deste site na tarde desta quinta-feira, Suplicy recebeu uma ligação da chefia de gabinete da presidência da Funai, em retorno ao contato feito minutos antes pelo senador. “Foi solicitado aos estudantes que fizessem uma solicitação formal por escrito do pedido de audiência, que será respondido até amanhã [sexta, 27]”, disse o petista, informando que Meira havia embarcado para Belém, no Pará.
“Marquei para que Rodrigo possa receber pessoalmente a resposta da presidência da Funai, amanhã, às 14h”, completou.
O Cima se tornou nacionalmente conhecido em meio à crise institucional que abalou por mais de um semestre o Senado neste ano, com auge na questão dos famigerados atos administrativos secretos. Trata-se do mesmo grupo que, no transcorrer deste ano, conseguiu burlar a segurança Senado e, por mais de uma vez, protestar contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), em manifestações que ficaram conhecidas como “Ato Fora Sarney”.
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