PT-SP condiciona diálogo com Ciro a uma ‘retratação’
Folha
As últimas declarações do multicandoto Ciro Gomes (PSB) provocaram um curto-circuito nas relações do deputado com o PT de São Paulo.
As últimas declarações do multicandoto Ciro Gomes (PSB) provocaram um curto-circuito nas relações do deputado com o PT de São Paulo.
Edinho Silva (foto), presidente do diretório paulista do PT, insinua que, se não houver uma “retratação”, o petismo vai tirar Ciro da tomada.
Em entrevista à repórter Malu Delgado, Ciro disse que o PT de São Paulo “é um desastre”. Por quê?
Evocando a escândalo do mensalão e o caso dos “aloprados” petistas do dossiêgate, Ciro respondeu:
“Por tudo o que aconteceu. Eu lamento, mas há uma lista toda, a nominata quase inteira com problema...”
“...[...] Os principais quadros do partido, por essa ou aquela outra, justa ou injustamente, entraram num problema...”
“...Não é brincadeira não, rapaz. José Dirceu, Genoino, Mercadante, Marta, João Paulo... Não é brinquedo não. Praticamente isso é a lista inteira”.
Em reação aos ataques de Ciro, Edinho Silva, o presidente do PT-SP, levou ao seu microblog um lote de 12 notas.
Metido na articulação que visava fazer de Ciro candiato ao governo de São Paulo, o dirigente petista expôs o fio desemcapado.
Pediu um isolante: “Nosso diálogo com o Ciro dependerá do seu posicionamento público, se haverá ou não uma retratação em relação a entrevista publicada”.
Espantou-se: “Um partido que lhe ofereceu apoio e lealdade não pode ser atacado. Nunca presenciei tamanha falta de habilidade politica na minha vida”.
Apontou a ingratidão: “O mesmo PT paulista atacado por Ciro, sem nenhum motivo, construiu unidade em torno de seu nome para a disputa em São Paulo”.
Acomodou Ciro no retrovisor: “As lideranças citadas por Ciro estavam unidas em torno de sua candidatura para o governo de São Paulo”.
Condicionou a volta ao para-brisa a um gesto imediato: “Um esclarecimento público, que imediatamente, restaure a relação de respeito e confiança”.
Tomado pelo teor da entrevista que acendeu o pavio do PT, Ciro não parece lá muito interessado em composição. Muito menos em recomposição.
Afirma que sua candidatura ao governo de São Paulo seria “artificial”. Só admite o flerte com a aventura “se o mundo se acabar”.
Sem apocalipses, repisa sua preferência pelo Planalto. A despeito da baixa estatura que lhe atribuem as pesquisas –12% no Datafolha— Ciro tenta soar categórico:
“Não posso parecer indeciso. E eu não estou”, ele jura. Repisa os ataques à aliança partidária que dá suporte à candidatura de Dilma Rousseff.
Além dos ataques ao PT, Ciro mira o sócio majoritário da megacoligação: “O DEM é muito melhor que o PMDB neste instante”, compara.
É no mínimo curioso que só agora o PT tenha esboçado uma reação a Ciro. Nessa entrevista, o deputado soou até mais ameno.
Antes, já havia declarado que a junção PT-PMDB é uma aliança de “moral frouxa”. Dissera que, sob Lula, a parceria, por tóxica, deixou “um roçado de escândalos”.
Ciro sempre compareceu às negociações paulistas com ares de boxer. Nessa briga, reservou ao PT o papel de sparring.
Escrito por Josias de Souza,
colunista da Folha de S.Paulo.
Saiba mais: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/
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