Na Folha, o neoruralista Aldo Rebelo compõe um samba de doido
Relator da Comissão Especial da Câmara que serve de instrumento para a bancada da motosserra estraçalhar a legislação que protege o que sobra das florestas brasileiras, o deputado Aldo Rebelo, depois de se suicidar como comunista e renascer ruralista, resolveu derreter seu próprio cérebro. Nenhum problema com isso se, nesse processo de derretimento, o nobre deputado não ofendesse a inteligência alheia. Em entrevista concedida à Claudio Angelo e publicada nessa segunda-feira na Folha de S. Paulo (só para assinates), Rebelo foi pródigo em em reflexões toscas, que beiram a desonestidade intelectual
Rebelo mostrou desconhecimento do Código Rural que ele analisa. Insistiu que ele foi revisto em 2001. Negativo. Ao seu corpo legal, criado em 1934 e revisto em 1965, o governo federal da época acrescentou apenas duas modificações, ampliando a reserva legal no Cerrado de 20% para 35% e na Amazônia de 50% para 80%. O deputado também não parece familiarizado com as discussões dominadas pelo ruralismo que acontecem debaixo do seu nariz, dentro da Comissão que preside. Elas vão muito além da questão da reserva legal. Ali naquela comissão, discute-se o eventual fim da proteção às matas ciliares e de encosta. Num país que nos últimos anos viu-se nadando em enchentes, os dois assuntos são relevantes.
Diante de uma questão simples – porque não se consolidam as áreas de desmatamento muito antigo e deixa-se a lei intocada – Rebelo tergiversou. Disse que está pensando no assunto, sem revelar qual a sua opinião. Também se queixou do termo ruralista. Afirma que é uma invenção dos ambientalistas. Não é. O termo foi cunhado na década de 80 pela mesma turma que sempre defendeu a devastação e da qual Rebeo agora virou um aliado. E as conotações negativas que o termo assumiu devem-se, única e exclusivamente a sanha desmatadora dessa tropa.
Rebelo, ao invés de debater, prefere atacar. Volta a bater na tecla de que as Ongs defendem interesses internacionais. Do jeito que ele fala, parece tratar-se de um nacionalista empedernido. Mas não, porque defende a ação das multinacionais agrícolas no Brasil. O deputado diz que as Ongs são neocolonialistas. Seu discurso revela que ele é um velho colonialista, que defende um modelo agropexportador de commodities ao qual o Brasil está acorrentado desde o descobrimento.
O deputado podia muito bem abrir as Obras Científicas, Políticas e Sociais de José Bonifácio, que ele também diz ser seu ídolo. Nelas, há várias passagens que mostram a selvageria ambiental com que o agronegócio se expandia por terras brasileiras no início do século XIX. De lá para cá, quase nada mudou. A verdade é que, apesar do que ele diz achar, a natureza brasileira até agora perdeu essa guerra. Devastamos a Mata Atlântica, a Caatinga e estamos devastando o Cerrado e a Amazônia, apesar de nossas leis de proteção ambiental. Rebelo diz que o problema é de como manter o desenvolvimento. Não, nobre deputado. Há um problema anterior que precisa ser equacionado: o país precisa aprender a cumprir suas leis e não adaptá-las a uma realidade dominada pela ilegalidade.
Postado por Manoel Francisco Brito em: GreenpeaceRebelo mostrou desconhecimento do Código Rural que ele analisa. Insistiu que ele foi revisto em 2001. Negativo. Ao seu corpo legal, criado em 1934 e revisto em 1965, o governo federal da época acrescentou apenas duas modificações, ampliando a reserva legal no Cerrado de 20% para 35% e na Amazônia de 50% para 80%. O deputado também não parece familiarizado com as discussões dominadas pelo ruralismo que acontecem debaixo do seu nariz, dentro da Comissão que preside. Elas vão muito além da questão da reserva legal. Ali naquela comissão, discute-se o eventual fim da proteção às matas ciliares e de encosta. Num país que nos últimos anos viu-se nadando em enchentes, os dois assuntos são relevantes.
Diante de uma questão simples – porque não se consolidam as áreas de desmatamento muito antigo e deixa-se a lei intocada – Rebelo tergiversou. Disse que está pensando no assunto, sem revelar qual a sua opinião. Também se queixou do termo ruralista. Afirma que é uma invenção dos ambientalistas. Não é. O termo foi cunhado na década de 80 pela mesma turma que sempre defendeu a devastação e da qual Rebeo agora virou um aliado. E as conotações negativas que o termo assumiu devem-se, única e exclusivamente a sanha desmatadora dessa tropa.
Rebelo, ao invés de debater, prefere atacar. Volta a bater na tecla de que as Ongs defendem interesses internacionais. Do jeito que ele fala, parece tratar-se de um nacionalista empedernido. Mas não, porque defende a ação das multinacionais agrícolas no Brasil. O deputado diz que as Ongs são neocolonialistas. Seu discurso revela que ele é um velho colonialista, que defende um modelo agropexportador de commodities ao qual o Brasil está acorrentado desde o descobrimento.
O deputado podia muito bem abrir as Obras Científicas, Políticas e Sociais de José Bonifácio, que ele também diz ser seu ídolo. Nelas, há várias passagens que mostram a selvageria ambiental com que o agronegócio se expandia por terras brasileiras no início do século XIX. De lá para cá, quase nada mudou. A verdade é que, apesar do que ele diz achar, a natureza brasileira até agora perdeu essa guerra. Devastamos a Mata Atlântica, a Caatinga e estamos devastando o Cerrado e a Amazônia, apesar de nossas leis de proteção ambiental. Rebelo diz que o problema é de como manter o desenvolvimento. Não, nobre deputado. Há um problema anterior que precisa ser equacionado: o país precisa aprender a cumprir suas leis e não adaptá-las a uma realidade dominada pela ilegalidade.
Fonte: http://www.greenblog.org.br/
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