segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Família Gabrilli sofre até hoje os efeitos do caso Celso Daniel

Empresária que revelou propina vira ''fugitiva''

Rosângela Gabrilli, que denunciou à promotoria o esquema de propinas na administração Celso Daniel (PT) - prefeito de Santo André morto em 2002 -, vai por aí, sem rumo certo. "É cada hora em um lugar. Ando com minha malinha para um lugar e para outro." Na sexta-feira ela conversou por telefone com a reportagem do Estado, de algum ponto do País que não quis indicar. Como diz, isolou-se, "tamanha a frustração e a decepção com tudo".

"Tudo", ela resume, "são as autoridades, os políticos". Exclui desse rol o Ministério Público, os promotores do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado que a acolheram quando Celso Daniel foi eliminado. Soube da condenação de Marcos Roberto Bispo dos Santos, apontado como integrante do grupo que sequestrou e fuzilou o petista. Dezoito anos em regime fechado foi a pena que o júri popular decretou na quinta-feira para o réu, o primeiro de sete acusados.

"É um alívio, principalmente por constatar que a Justiça começou a ser feita", declarou Rosângela. "Há anos estava apreensiva por qualquer coisa que acontecesse. Quando o julgamento foi marcado minha esperança foi muito grande. Uma hora, afinal, tinha que acontecer. É uma vitória importante, mas temos outros passos pela frente." Quando os bandidos crivaram de balas o prefeito, Rosângela criou coragem e tornou de conhecimento geral os métodos de uma organização que se apossou de setores da gestão municipal. "Uma corja de malfeitores alojada na administração petista", nas palavras do promotor Francisco Cembranelli.

Família Gabrilli sofre até hoje os efeitos do caso Celso Daniel

Tantos problemas e tanta pressão puseram de joelhos a família Gabrilli. Em 2009, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli, o patriarca, vendeu sua parte na Expresso Guarará. Beto, seu filho, foi tocar outros negócios. Rosângela, a filha, partiu. "Parei, eu me desgastei demais com tudo isso, sofri demais", ela diz. "Perdi minha vida. Quero me reencontrar. Perdemos a motivação, o sentido de tudo isso depois de quase 40 anos de trabalho."

Aos 55 anos, ela não tem um endereço fixo. Quer ficar na estrada por uns tempos. "Fico um pouco em cada lugar, na casa de amigos. É uma peregrinação, enquanto essa história não tiver um fim. Sei que a minha segurança é muito delicada e eu tenho que me preservar porque tenho três filhos."

Nos tempos de boa saúde financeira, a Expresso Nova Santo André chegou a ter 80 veículos na rua. Rosângela cresceu nas empresas. "Eu brincava de boneca dentro dos ônibus. Eu quero dizer que papai é um grande homem, um grande caráter." Ela não pensa em retornar a São Paulo. "Eu ouvia muito dessa turma de Santo André que o poder tudo pode. Eu ouvia deles que para o poder não existe lei. Sempre fui muito revoltada com tudo isso, com o esquema, a extorsão."

Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/

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