quinta-feira, 3 de junho de 2010

Essa mulher foi retocada


Projeto adverte: 'Essa mulher foi retocada'

Projeto de lei em tramitação na Câmara estabelece que revistas e outras publicações que utilizarem photoshop para modificar fotografias terão que informar aos leitores que utilizaram a ferramenta
Projeto de lei em tramitação na Câmara determina que publicações terão de avisar 
aos leitores se usaram photoshop para retocar imagens
Fábio Góis
As situações são várias. Mulheres muito magras ganham corpo mais voluptuoso. Mulheres gordas emagrecem por mágica. Seios crescem ou diminuem. Imperfeições, como celulites, cicatrizes, sinais, rugas, desaparecem. Desde a invenção do photoshop (ferramenta de manipulação de imagens em meio virtual), São Tomé ficou obsoleto. Não é mais possível se acreditar em tudo o que se vê. O photoshop e seus congêneres retratam uma realidade relativa, de acordo com conveniências comerciais ou editoriais. Mas agora o uso do recurso terá um preço.
Se depender do Projeto de Lei (PL) 6853/10, em tramitação na Câmara, toda e qualquer publicação ou veículo que alterar de alguma forma a fotografia publicada terá de registrar a seguinte advertência: "Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratada". Quem desobedecer à determinação pagará caro: multa de até R$ 50 mil por anúncio, com valor dobrado em caso de reincidência. É o que define o texto original do PL, de autoria do deputado Wladimir Costa (PMDB-PA).
“[O projeto] obriga que imagens utilizadas em peças publicitárias ou publicadas em veículos de comunicação, que tenham sido modificadas com o intuito de alterar características físicas de pessoas retratadas, tragam mensagem de alerta acerca da modificação”, diz a ementa do PL 6853, que já é conhecido como “Lei do Photoshop”.
A preocupação do deputado é com a “a idealização do corpo humano”. As imagens retocadas proporcionariam um anseio por um padrão estético artificial, impossível de ser alcançado na vida real. Iludidas pelas imagens retocadas, as pessoas buscam inutilmente alcançar tão padrão e se mutilam ou comprometem a sua saúde. Para Wladimir Costa, a questão não é coibir o trabalho dos editores de imagem, técnicos de informática ou quem mais possa utilizar o programa de alteração profissionalmente. A preocupação teria viés psicológico. É, na sua avaliação, um problema de saúde pública.
Wladimir cita os casos da bulimia e da anorexia, distúrbios alimentares diretamente relacionados à busca de um peso ideal – mesmo que, para muitas de vítimas de um ou outro mal, essa meta resulte (geralmente) mulheres em pele e osso, verdadeiros esqueletos vivos. Não são raros os sites, blogs e até comunidades virtuais que não só vêem a anomalia com naturalidade, mas a transformam em uma espécie de filosofia de vida com direito a seguidores – e, consequentemente, potenciais vítimas.
Saiba mais: http://congressoemfoco.uol.com.br/

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