Protestos no mundo árabe chegam a Líbia e população pede o fim da ditadura de Muamar Kadafi
Por Jeferson Choma da redação do Opinião Socialista -
A ditadura líbia de Muamar Kadafi, há 42 anos no poder, pode ser o próximo regime a cair no mundo árabe. Há seis dias, intensos protestos foram registrados em todo o país contra o ditador. A reação do governo foi extremamente sanguinária. Organizações dos direitos humanos estimam entre 230 a 400 o número de pessoas mortas pelas forças de repressão pró-regime.
Os protestos contra Kadafi ganharam força na semana passada, quando um ativista e advogado dos direitos humanos foi preso. Na quinta-feira o leste do país foi tomado por uma "dia de fúria", em homenagem a uma manifestação realizada em Bengasi em 2006, na qual cerca de uma dúzia de pessoas foi morta. O exército atirou nos manifestantes provocando inúmeras mortes. Localizada na região leste da Líbia, Bengasi é a segunda cidade do país e o epicentro das atuais manifestações.
No dia seguinte, houve novos protestos durantes os funerais da vítima do dia anterior. Mais uma vez, as forças militares leais a Kadafi despejaram suas balas sobre a população. Imagens dos protestos gravados pelos próprios manifestantes mostram grupos armados perseguindo pessoas que vão caindo depois de serem atingidas pelas balas.
O banho de sangue provocou mais fúria da população. Ao longo do final de semana, tumultos violentos se espalharam por todo o país. A revolta chegou a Musratha, terceira cidade do país, e o mais importante: chegou a capital Trípoli nesta última segunda-feira – considerada um reduto do regime. Inicialmente os manifestantes estavam reivindicando reformas e o fim da corrupção. Contudo, reivindicam agora o fim do regime e a saída de Kadafi.
Apesar da sangrenta repressão do governo, as manifestações não param de crescer. Por outro lado, a ditadura deu sinais de que vai endurecer a repressão. À TV estatal do país, o filho do ditador Seif al-Islam Kadafi disse que seu pai vai lutar até que "último homem esteja de pé" e que o exército vai garantir a segurança da nação a qualquer custo. A provocação de Seif al-Islam Kadafi provocou ainda mais ódio entre as massas.
No entanto, há sinais evidentes de elementos de crise no interior do exército e do regime. Há informações de que soldados do exército passaram a apoiar os manifestantes. Em Bengasi, há informações de que manifestantes se apoderaram de veículos militares, inclusive tanques e grandes quantidades de armas e munições do exército. No entanto, o regime ainda conta com um forte aparato repressivo. Há dezenas de milícias armadas que são lideradas por parente ou gente de confiança de Kadafi.
Por outro lado, diplomatas e membros do governo líbio também estão abandonando o barco. O embaixador líbio na Índia, Ali Al-Issawi, deixou o cargo em resposta à violência do governo. O embaixador da Líbia junto à Liga Árabe, Abdel Moneim al-Honi, disse que está se unindo à revolução. O embaixador líbio na China também renunciou. O ministro da Justiça líbio, Mustafa Abdeljalil, também se demitiu nesta segunda-feira em protestos a sangrenta situação do país.
Em Trípoli, a sede central do governo líbio e o prédio que abriga o Ministério da Justiça foram queimados, segundo a rede de TV Al Jazira. O prédio é o local onde o Congresso Geral do Povo, ou Parlamento, se reúne.
Um jornalista da Al Jazira sugere que regime se deteriora a cada momento. "Praticamente não há forças da ordem. Não se sabe onde foram. Esta situação favorece os rumores alarmantes", afirmou o jornalista Nezar Ahmed da Al Jazira sobre a situação da capital. O jornalista disse que há apenas um cordão policial em torno da sede da rede de televisão estatal Libya TV. Ele também mencionou uma possível fuga de Kadafi do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário