segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Reguffe: um Síndico Federal


Reguffe: “Não me considero representado pelo PT”

O deputado proporcionalmente mais votado do país avisa logo: um eventual governo Dilma não deve contar com seu voto em qualquer situação, sem questionamentos

Rudolfo Lago
Reguffe critica: "Parece que governabilidade no Brasil 
virou sinônimo de fisiologismo"
Rudolfo Lago e Thomaz Pires
O PDT, partido de José Antônio Reguffe, oficialmente apoiou a candidatura de Dilma Rousseff, do PT, no primeiro turno. Mesmo assim, o cidadão José Antônio Reguffe, quando chefou à frente da urna eletrônica, em vez do 13 petista, digitou o 43 da candidata do PV, Marina Silva. “Não me considero representado pelo PT”, explica ele, singelamente. Pelos quatro ano em que foi deputado distrital, Reguffe foi muitas vezes criticado por seus colegas exatamente por esse excesso de independência. Votava e fazia o que queria, não aquilo que orientavam os líderes de seu partido. Na Câmara Legislativa do Distrito Federal, Reguffe era tratado por seus colegas como um corpo estranho. Eles embolsavam 15 salários por ano. Ele devolvia aos cofres públicos os dois salários a mais: ficava apenas com os 13 iguais ao de qualquer outro assalariado. Eles contratavam 23 assessores. Ele tinha só dez, e devolvia o restante da verba. Individualmente, pelos seus cálculos, será, ao final do mandato de deputado distrital este ano, responsável por uma economia de R$ 3 milhões em dinheiro público.

Os demais deputados distritais podem ter passado quatro anos torcendo o nariz para Reguffe. Mas o resultado dessa postura é que o economista e jornalista de 38 anos filiado ao PDT chega à Câmara como o deputado federal proporcionalmente mais votado do país. Reguffe recebeu nada menos que 266 mil votos. Passada a euforia da vitória, Reguffe, nesta entrevista ao Congresso em Foco, antecipa sua disposição de continuar sendo desagradável aos colegas, se isso significa a manutenção de práticas que a sociedade condena. Da mesma forma que fazia na Câmara Legislativa do DF, ele avisa que devolverá o 14º e o 15º salários pagos aos deputados federais. Se seus colegas de Brasília recebem auxílio-moradia e quota de passagens aéreas, ele antecipa que pensa sobre isso como a maioria das pessoas: é um absurdo e ele não usará.

E um eventual governo Dilma Rousseff, quando for fazer a contabilidade do apoio para aprovar uma proposta polêmica, deve ter muito cuidado antes de contar com o voto de Reguffe, ainda que, teoricamente, ele vá fazer parte da sua base de apoio. “Discordo frontalmente do parlamentar que só diz “sim” ou que só diz “não”. Cada proposta, eu vou votar de acordo com o que diz a minha consciência”.

“Parece que governabilidade no Brasil virou sinônimo de fisiologismo”, critica Reguffe. “Que ninguém me procure achando que poderá trocar meu voto por cargos ou verbas de orçamento", avisa.
Confira a entrevista com José Antônio Reguffe na íntegra:
http://congressoemfoco.uol.com.br/ 

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