Por causa de Maluf, Erundina abandona Haddad
O PSB acaba de comunicar que a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) não será a candidata a vice na chapa do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, do PT, ao governo de São Paulo. A razão da desistência foi o acordo feito pelo ex-presidente Lula para obter o apoio do deputado Paulo Maluf (PP-SP), de olho no capital eleitoral do ex-governador paulista e no tempo de rádio e TV que a aliança propicia durante a campanha eleitoral. A decisão da cúpula do PSB foi anunciada depois de reunião realizada na Fundação João Mangabeira, sede do partido em Brasília, entre Luiza, o presidente nacional do PSB e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o vice-presidente da legenda, Roberto Amaral.
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A interlocutores, Erundina foi enfática depois que Lula e Haddad posaram ontem (segunda, 18) para fotos e câmeras de TV com Maluf, nos jardins da casa do deputado em São Paulo, em ato extra-oficial de formalização da aliança: ela decidira não subir em palanque com o deputado do PP, cujo histórico político o coloca com um dos principais adversários do velho PT, na época em que a sigla tinha em seus quadros a ex-prefeita de São Paulo (ela foi para o PSB em 1998). Na tentativa de reverter o quadro, integrantes do PT e do PP deram a garantia de que Erundina não precisava compartilhar o mesmo palco eleitoral que Maluf, com o apoio do PP restrito aos bastidores e articulações de campanha.
Aliança com Haddad abre crise na campanha de Haddad
Mas a providência de afastar Maluf dos palanques não foi suficiente, e Erundina se manteve irredutível na decisão de abandonar a chapa. No entanto, Erundina disse que, apesar da desistência, continuará a contribuir com a campanha de Haddad. As declarações são da própria deputada, feitas logo após a reunião do PSB. O partido, por sua vez, abriu mão de lançar um substituto ao posto de vice na chapa petista, de acordo com o próprio Eduardo Campos.
“O PSB continua na composição da chapa junto com o PT, mas infelizmente a deputada Luiza Erundina desistiu da candidatura. O PSB abre mão de indicar o vice na chapa. Quem vai decidir agora é Fernando Haddad e o PT”, esclareceu Eduardo Campos, tido como possível presidenciável nas eleições de 2014, depois de dizer que respeitava a decisão de Erundina.
Por sua vez, Haddad vinha tentando minimizar a reação de Erundina ao apoio de Maluf. Para o ex-ministro da Educação, eleito à condição de pré-candidato do PT por vontade de Lula, questões de divergências pessoais não deveriam interferir na conjuntura eleitoral, uma vez que PP e PSB integram a base de sustentação do governo Dilma Rousseff em nível nacional. Assim, a decisão de Erundina, disse Haddad, em evento realizado em São Paulo, antes do anúncio da desistência, caberia apenas a ela e ao PSB. “Vou respeitar qualquer que seja a decisão, mas o meu diálogo é com os partidos políticos. Quem ofereceu o nome da Erundina foi o Partido Socialista Brasileiro. Quem tem de encontrar uma solução é o Partido Socialista Brasileiro”, sintetizou.
Ação e reação
A conduta de Erundina gerou solidariedade por parte de partidos como o Psol. “Sua atitude de não aceitar a péssima companhia política de Paulo Maluf na disputa pela Prefeitura paulistana nos move e comove. Move na continuada direção do fazer político com ideias e causas, valores que não são comercializáveis por tempo de exposição na tv e no rádio. Comove por estarmos, mais uma vez, diante de uma pessoa que tem dignidade, nitidez ideológica e que sabe que acumpliciar-se a quem serviu à ditadura e à tortura e é produto do atraso patrimonialista seria desastroso”, disse em carta aberta enviada a Erundina na manhã de hoje o líder do Psol na Câmara, Chico Alencar (RJ), esperando que a “pressão” não a dissuadisse da decisão.
Esse não é o primeiro baque na campanha petista em São Paulo. Há duas semanas, em ato de formalização da candidatura Haddad, a senadora petista Marta Suplicy (SP) simplesmente se negou a participar do comício que reunia o ex-presidente Lula e a cúpula regional do partido. Marta, que abriu caminho para Haddad a pedido de Lula, desapareceu durante o evento e não atendeu às ligações do próprio ex-marido, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). A conduta de Marta, interpretada como manifestação de seu ressentimento com Lula, irritou os caciques petistas.
Com informações do Portal UOL.
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